terça-feira, janeiro 30, 2007

Questionário sobre Frei Luís de Sousa, de Almeida Garrett

Podes testar os teus conhecimentos acerca da leitura da peça Frei Luís de Sousa respondendo a um questionário que podes encontrar aqui.

Responde às perguntas e verifica, no final, qual a pontuação que obtiveste.

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quinta-feira, janeiro 25, 2007

Quantos quadros tem um quadro

ou
uma manipulação fantástica a partir de diversas pinturas
(e quantas delas consegues reconhecer?)


Este vídeo intitula-se Mona Lisa Descending A Staircase.

sábado, janeiro 20, 2007

Como fazer referências bibliográficas

Existem Normas Portuguesas para a elaboração de referências bibliográficas. Cumprir estas normas significa uniformidade e uma maior facilidade de compreensão do que é referenciado. Para além destas Normas existem também Normas Estrangeiras.

No caso de Portugal, deveremos seguir a Norma Portuguesa NP 405-1, a qual também se refere às citações.

Quando elaborares os teus trabalhos escolares, deves incluir sempre os dados sobre todo o material utilizado para desenvolver a pesquisa, incluindo os sites da Internet. Esses dados constituem a Bibliografia do teu trabalho, isto é, a lista das referências bibliográficas, ou conjunto de elementos que descrevem os documentos consultados, de modo a permitir a sua identificação.

Normas Portuguesas
- Determinam uma ordem obrigatória para os elementos da referência;
- Estabelecem as regras para a transcrição e apresentação da informação, contida nas fontes da publicação a referenciar e para a apresentação de bibliografias e citações bibliográficas.
Nota: Os elementos a utilizar na referência bibliográfica são retirados, em geral, do próprio documento e de preferência da página de rosto. Sempre que tais elementos não constem da página de rosto deve-se recorrer ao colofão, capa, lombada, prefácio, etc. Nesse caso a informação deverá ser apresentada entre parênteses recto.

NP 405-1 – Referências bibliográficas de documentos impressos - Especifica os elementos relativos a:
· monografias;
· publicações em série;
· séries monográficas;
· teses, dissertações;
· normas;
· patentes;
· música impressa;
· resumos.

NP 405-2 – Materiais não-livro - Especifica os elementos das referências bibliográficas relativas a:
· documentos icónicos;
· filmes;
· multimédia;
· registos vídeo;
· registos sonoros;
· objectos;
· projecções visuais.

NP 405-3 – Documentos não publicados
Geralmente refere-se aos documentos de tiragem reduzida que não foram integrados num circuito formal de distribuição. Especifica os elementos relativos a documentos impressos de tipologia variada (monografias, publicações em série, cartas, Ofícios, circulares), manuscritos, música impressa, materiais cartográficos, materiais não -livro. Esta Norma deverá ser sempre utilizada juntamente com a NP 405-1 e NP 405-2.


NP 405-4 – Documentos electrónicos - Especifica os elementos relativos a:
· monografias;
· bases de dados;
· programas;
· partes e contribuições desses documentos;
· publicações em série; artigos e outras publicações.
Alguns conceitos
Referência Bibliográfica - Conjunto de elementos bibliográficos que identificam uma publicação ou parte dela;

Bibliografia – Documento secundário que apresenta uma lista de referências bibliográficas segundo uma ordem específica e que contém elementos descritivos de documentos, que permitem a sua identificação;

Citação – Forma breve de referência colocada entre parênteses no interior do texto ou anexada ao texto como nota em pé de página, no fim do capítulo ou do texto.

Seguidamente iremos ver algumas das regras a que nos referimos acima.

PARA LIVROS
Ordem dos elementos e pontuação:
AUTOR(es) – Título : subtítulo (destacado). Edição. Local de edição : Editor, ano. ISBN (se estiver presente a referência ao mesmo no livro, geralmente na contra-capa, ou na ficha técnica).
Com um autor
TOLKIEN, J. R. R. - A irmandade do anel. In "O senhor dos anéis". 13.ª ed. Mem Martins : Europa-América, 2002. ISBN 972-1-04102-5. vol. 1.
Com dois autores
ELKINGTON, John ; HAILES, Júlia – Guia do jovem consumidor ecológico. Lisboa : Gradiva, 1992. ISBN 972-662-230-1.
Com três autores
GORDON, V. O. ; IVANOV, Yu. B. ; SOLNTSEVA, T. E. – Problemas de geometria descriptiva. 2ª ed. Moscovo : Editorial Mir, 1980.
Com quatro ou mais autores
NOBRE, António, [et al.]– Biologia funcional. Coimbra : Almedina, 1984.
Nota: Nestes casos, referimos só o primeiro autor, ou o que tiver maior destaque, seguido da abreviatura da expressão latina et alii. [et al.], que significa “e outros”.

Para livros traduzidos
JACOB, François – O ratinho, a mosca e o homem; trad. Margarida Sérvulo Correia. 1ª ed. Lisboa : Gradiva, 1997. ISBN 972-662-567-X.
Para dicionário com autor expresso
COELHO, Jacinto do Prado – Dicionário de literatura : literatura portuguesa… 4ª ed. Porto : Figueirinhas, 1989. 4 vol.
FALCÓN MARTÍNEZ, Constantino - Dicionário de mitologia clássica . 1ª ed. Lisboa : Presença, 1997. ISBN 972-23-2219-2.
Nota: O apelido dos autores espanhóis é constituído pelos dois últimos nomes.
Para dicionários sem autor expresso
DICIONÁRIO da Língua Portuguesa. Porto: Porto Editora, 2004. ISBN 972-0-01125-4.
Para enciclopédias com autor expresso
GISPERT, Carlos, dir. - Enciclopédia da psicologia. Lisboa : Liarte, 1999. 4 Vol. ISBN 972-8528-27-2.
Para enciclopédias sem autor expresso
O ROSTO humano na arte. Lisboa : Publicações Alfa, 1972.
Obras em volumes (se consultámos apenas um volume)
COELHO, Jacinto do Prado – Dicionário de literatura : literatura portuguesa… 4ª ed. Porto : Figueirinhas, 1989. Vol. 2.
Para capítulos ou artigos retirados de livros
Ordem dos elementos e pontuação:
a) autor diferente do autor do livro no todo
Autor do cap. – Título do cap. In Autor do livro – Título: subtítulo. Edição. Local de edição : Editor, ano. ISBN. Páginas (inicial e final do capítulo).
PEREIRA, Maria Helena da Rocha - O Jardim das Hespérides. In CENTENO, Yvette Kace, coord. ; FREITAS, Lima de, coord. - A simbólica do espaço. 1ª ed. Lisboa : Editorial Estampa, 1991. ISBN 972-33-0781-2. p. 17-28.
b) o autor do capítulo é o autor do livro no todo
STRUIK, Dirk J. – História concisa das Matemáticas; trad. João Cosme Santos Guerreiro. 3ª ed. Lisboa : Gradiva, 1997. ISBN 972-662-251-4. p. 29-44.
ARTIGOS EM PUBLICAÇÕES PERIÓDICAS
Ordem dos elementos e pontuação:
AUTOR do art. – Título do art. Título da publicação periódica. ISSN. Volume, Número, (data), Páginas.
Para revistas
FIGUEIREDO, M. O. - Factores de estabilidade estrutural associados ao arranjo dos catiões nas estruturas dos compostos iónicos. Revista Portuguesa de Química. Lisboa. ISSN 0035-0419. Vol. 23, n.º 4 (1981), p. 250-256.
Para jornais
SANTOS, Ana Isabel – E quando o tempo pára... e o futuro se torna o presente. Olhares. Nº 9 (Jun. 2006), p 8.
SANTOS, Carlos – Escola a tempo inteiro passa rasteira aos pais. Diário de Coimbra. Ano 76º, Nº 25.679 (15 Set.2006), p. 6.
REFERÊNCIA A DOCUMENTOS LEGISLATIVOS
Exemplos:
DESPACHO normativo nº 1/2006. D.R. I Série-B. Nº 5 (6-Jan-2006), p.156-160.
DECRETO-LEI nº 27/2006. D.R. I Série-A Nº30 (10 Fev. 2006). P1095-1099.
FILMES, DOCUMENTÁRIOS... EM VÍDEO, DVD OU CD-ROM
Ordem dos elementos e pontuação:
Realizador. – Título. Local da distribuição : distribuidor, data. Descrição física.
Filmes com autor expresso
PINTO, Armando Vieira - Fado. Lisboa : Lusomundo, cop. 1947. 1 cassete vídeo (VHS) (110 min.).
Nota: Quando não figura o local de distribuição, mas sabemos qual é esse local através de fontes externas ao documento (pesquisa na Internet, por exemplo), inserimo-lo dentro de parênteses rectos.
Filmes sem autor expresso
A RESISTÊNCIA timorense em documentos. .[Lisboa]: Fundação Mário Soares, Fado Filmes, Visão, 2002. (CD-ROM).
DOCUMENTOS ELECTRÓNICOS
Ordem dos elementos e pontuação:
AUTOR. – Título : subtítulo (se houver). Edição. Local : editor, data, data de actualização. [Data de consulta] Disponibilidade e acesso.
Exemplos
RODRIGUES, Eloy – Implementação de um sistema integrado de gestão de bibliotecas: a experiência da Universidade do Minho. Braga : Universidade do Minho, 2004. [Consult. 10 Set. 2004]. Disponível na Internet: http://repositorium.sdum.uminho.pt/
COMO SE TRANSMITE O VIH? Lisboa : Comissão Nacional de Luta contra a SIDA, 2004. [Consult. 10 Jan. 2005]. Disponível na Internet: http:/www.sida.pt/.

Convém que te lembres de que:
· Os elementos das referências bibliográficas são retirados dos próprios documentos.
· Deves alinhar as referências à esquerda, em espaço simples e separadas entre si por espaço duplo.
· A Bibliografia é ordenada alfabeticamente.

Pode ser encontrada mais informação sobre este assunto nos Serviços de Documentação da Universidade do Minho.

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sexta-feira, janeiro 05, 2007

Classicismo versus Romantismo

Se o Romantismo é por vezes caracterizado por uma certa impreparação estética, fazendo com o o texto romântico tenda a sugestionar o leitor pela peripécia romanesca, pela intensidade e diversidade das impressões que provoca, caracterizado por:

  • um estilo declamatório, por vezes redundante e vago, em que a abundância prejudica a concisão e o rigor,
  • um gosto pelas hipérboles e exclamações, que dão forma eloquente ao pensamento,
  • um gosto pelas imagens, que o concretizam e popularizam,
  • o uso de um vocabulário mais rico em alusões concretas, menos selecto, mais correntio, mais familiar e mais sensorial,
  • a introdução de dados captados no ambiente,
  • a presença física de personagens humanas, de interiores e de paisagens (em que predomina o realismo descritivo e a tentativa de dar uma cor local),
  • o recurso ao romanesco, à peripécia, que pretende estimular a imaginação, bem como a certos ingredientes fáceis e duvidosos, mas que normalmente fornecem resultados garantidos (como, por exemplo, o exotismo, a fantasmagoria),

por outro lado, o classicismo (e o neoclassicismo), mais sóbrio, mais rigoroso, possui diferenças assinaláveis em relação à estética romântica, algumas das quais podemos observar de seguida de forma sintética (ver tabela abaixo):








































































CLASSICISMO

Versus

ROMANTISMO

- bucolismo clássico ameno (o belo, o «locus amoenus»)

vs.

- o «belo horrível», o disforme,o tenebroso, cemiterial ou fantástico (o «locus horribilis»);
- ordem e medida (a clareza, a ordenação)

vs.

- o desordenado e desmesurado paisagístico e psíquico; versificação mais variada e popularizante; a libertação estética (o mistério, o sonho, a meditação);
- a razão, a inteligência

vs.

- o coração, a sensibilidade, a imaginação;
- contornos nítidos e diurnos

vs.

- o enevoado, nocturno, o sonho irreal;
- a racionalização e ponderação da estrutura da obra

vs.

- o improviso; versos lançados ao sabor de rimas audíveis; a digressão a propósito ou a despropósito; a interrupção da narrativa para introduzir um comentário ou uma confidência ao leitor; o exagero sentimental ou melodramático; a mistura de géneros;
- o epíteto classificativo ou abstracto

vs.

- a adjectivação e pormenorização descritiva orientada a dar cor local ou histórica; o pitoresco ou exótico (da Idade Média, ou espanhol, argelino, oriental, de ambientes miseráveis, das lendas e mitologias germânicas, célticas e outras); o maravilhoso ou o fantástico; um estilo em que o sublime e o grotesco se justapõem;
- o progresso político ou moral com um objectivo final em vista

vs.

- o progresso social indefinido;
- o recurso à época greco-romana

vs.

- o gosto pelas tradições medievais;
- a utilização dos deuses pagãos e da retórica clássica

vs.

- o banimento da mitologia e dos processos eruditos da retórica;
- o paganismo

vs.

- o cristianismo;
- a imitação aduladora

vs.

- o culto da originalidade pessoal;
- um mundo fechado de valores (estéticos e morais)

vs.

- um tom de mensagem ao próximo;
- a vontade, o heroísmo

vs.

- a melancolia, o abatimento.

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terça-feira, janeiro 02, 2007

Neo-classicismo e Pré-romantismo


O século XVIII costuma designar-se por «Século das luzes» ou «Iluminismo» pelo predomínio que a Razão, como luz esclarecedora, passou a exercer nas formas do Pensamento.

Define-se, como sistema filosófico, o Racionalismo (que vai conduzir ao ateísmo e ao positivismo do século XIX) com a Crítica da Razão Pura, de Kant (1724).

Jardins do Palácio de Queluz, do século XVIIIO Racionalismo produz os germes de revolta contra a opressão espiritual da escolástica durante o século XVII. É, pois, o século XVIII, fundamentalmente, um século de crise espiritual que leva os homens à objectiva e aguda percepção dos males da época; é, por consequência, uma época em que floresce de modo extraordinário a crítica, sob a forma de sátira ou de obras e ensaios didácticos, cartas, métodos e tratados. O género satírico apresenta-se, pois, como um dos mais copiosos e representativos.

Apreciando criticamente a produção do período barroco, os escritores apercebem-se da debilidade de conteúdo de muitas das manifestações literárias e iniciam a sua luta contra a superabundância ornamental e os excessos formais. As Academias (que nas últimas décadas do século anterior se haviam já anunciado com o aparecimento da Academia dos Generosos e da Academia dos Singulares) correspondem a esse desejo de luta e de aperfeiçoamento crítico e esclarecido. Surgem assim as Academias (numerosas e activas, como a dos Anónimos, dos Ocultos, dos Aplicados, dos Unidos, dos Obsequiosos, etc.), de que, em 1720, convém assinalar a Academia Real da História, fundada por decreto do rei D. João V. Os nomes mais relevantes dessa colmeia laboriosa foram: D. António Caetano de Sousa, Diogo de Barbosa Machado, Francisco Leitão Ferreira, José Soares da Silva. A História vai-se, progressivamente, aproximando dos ramos do conhecimento científico para se afastar dos géneros literários aos quais até agora estivera estreitamente vinculada. A pesquisa e a crítica documental tomam, pouco a pouco, feição nitidamente científica.

Em 1780, no reinado da rainha D. Maria I, o Duque de Lafões, secundado pelo Abade Correia da Serra, obtém a fundação da Academia Real das Ciências substituindo a da História, órgão cultural ainda hoje sobre­vivente. Fr. Manuel do Cenáculo, Ribeiro dos Santos, António Caetano do Amaral, Francisco Alexandre Lobo, Frei Fortunato de S. Boaventura, Coelho da Rocha, etc. foram alguns dos seus nomes mais ilustres durante o século XVIII. A Academia Real das Ciências (que, em 1910, data da implantação da República, passou a chamar-se Academia das Ciências de Lisboa) possui uma Biblioteca notável que já no século XVIII contava mais de 200000 volumes, entre os quais 112 incunábulos e raridades bibliográficas de incalculável valor.

A Arcádia

A Arcádia Lusitana ou Ulissiponense, fundada em 1756, da qual foram membros fundadores António Dinis da Cruz e Silva, Esteves Negrão e Correia Garção, foi, porém, a mais notável e importante das Academias literárias e manteve-se durante vinte anos, depois do que foi reorganizada com a designação de Nova Arcádia. Visava, como esclarecem os seus estatutos, reformar o gosto deteriorado e reacender o interesse das novas gerações pelas artes literárias; pretendia, pois, «formar uma escola de bons ditames e de bons exemplos em matéria de eloquência e de poesia, que servisse de modelo aos mancebos estudiosos e difundisse ( ... ) o ardor de restaurar a antiga beleza destas esquecidas Artes».

As bases em que os árcades fundamentavam a sua acção reformadora consistiam, principalmente:

• na crítica mútua, objectiva e desassombrada das produções literárias apresentadas nas sessões da Arcádia pelos seus sócios;


• no regresso à imitação dos clássicos da Antiguidade, como fontes mais puras da perfeição literária, embora adaptando-os ao gosto moderno.


Segundo os árcades, pois, as causas verdadeiras da decadência literária provinham do abandono dos genuínos clássicos e da busca de inspiração na repetida imitação dos renascentistas.

Os membros da Arcádia, isto é, os Árcades, que assinavam as suas produções com pseudónimos literários, tinham como emblema uma mão empunhando uma foice, e como legenda o lema da mesma Arcádia: Inutilia truncat (ou seja, corta o que for inútil).

O seu principal objectivo era, com efeito, restaurar a sobriedade e equilíbrio do classicismo, fugindo aos excessos do gongorismo; preconizava-se também a libertação da rima que, segundo eles, embaraçava a livre expressão do pensamento.

O principal teorizador do neoclassicismo - isto é, desta tentativa de regresso à pureza dos moldes clássicos - foi Pedro António Correia Garção, que é considerado, ao mesmo tempo, o exemplificador mais perfeito dessas doutrinas.

Como principais documentos dessa teorização literária citaremos a famosa Sátira sobre a Imitação dos Antigos, dirigida ao conde de S. Lourenço, e a Epístola a Olino. A Cantata de Dido é, com justiça, considerada como a mais perfeita exemplificação das teorias preconizadas.

Verifica-se, no entanto, que o neoclassicismo falhou nos seus objectivos, embora tivesse dado frutos positivos como preparação para a atitude mental pré-romântica e chamado a atenção para a frustração literária que se vinha verificando. De resto, a sua acção prevalece concomitantemente com o pré-romantismo e os moldes arcádicos mantêm-se mesmo para além da implantação do Romantismo.

Com o influxo da poesia germânica, porém, envereda-se por um caminho diferente de renovação - o pré-romantismo, que consiste na busca da inspiração, não nas já exauridas ruínas clássicas, mas nas inesgotáveis fontes do mundo interior do próprio indivíduo. Essa será a via segura duma profunda revolução mental e espiritual que se concretizará com o movimento romântico.

Três anos após a fundação da Arcádia, efectivamente, já Correia Garção se apercebera da falência dos seus objectivos fundamentais, e atribuía essa falência a causas meramente exteriores: a falta de assiduidade dos membros, a falsificação da critica objectiva. As verdadeiras razões, porém, estavam nas novas necessidades estéticas que só encontrariam solução com o advento - já próximo - do Romantismo.
Quanto aos mais importantes membros da Arcádia, além de Garção, de que falaremos a seguir, é digno de menção especial António Dinis da Cruz e Silva.

Pré-Romantismo

Depois da relativa falência dos objectivos da Arcádia, verificou-se que o caminho para obviar aos males da Escola Barroca devia ser outro que não um Jardim do Palácio da Pena, em Sintra, de características românticasregresso ao ponto de partida, isto é, à imitação dos clássicos. Desse modo, influenciados principalmente pelas literaturas germânicas, alguns poetas verificam que, se as fontes clássicas, sempre iguais a si mesmas, podem esgotar-se, existe uma fonte sempre renovada de inspiração, que é o tesouro íntimo de cada um. Se os estados de alma não podem repetir-se nem identificar-se uns com os outros, a sua expressão deve participar das mesmas características.

Esta concepção está relacionada com o advento das ideias individualistas da Revolução Francesa, reflexo do movimento espiritual que comprometeu todo o pensamento europeu. Com efeito, a preferência que começa a manifestar-se na literatura pelos temas da solidão, trevas e morte, não é mais do que a afirmação dum individualismo sentimental que deste modo se revela por oposição ao que rodeia o poeta; isto é, a afirmação do seu eu isolado em relação ao mundo exterior.

Entre os que, mais decisivamente, se lançaram neste novo rumo, citaremos Bocage e a Marquesa de Alorna, Alcipe (além destes, Filinto Elísio e José Anastácio da Cunha enfileiram em tendências semelhantes). Nestes poetas, encontramos já muito dos elementos que podem considerar-se como definidores duma estética romântica:


· gosto pela solidão;
· identificação da natureza com os estados de alma;
· preferência pelas paisagens sombrias e agrestes ou tumultuosas.
· utilização literária do maravilhoso popular (fadas, génios, gnomos);
· adopção duma simbologia especial - aves nocturnas, espectros - que vai conduzir ao aproveitamento do belo-horrível como tópico da literatura romântica;
· preferência pelos temas da noite, da escuridão, etc.

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segunda-feira, janeiro 01, 2007

Um óptimo Ano Novo