Classicismo versus Romantismo
Se o Romantismo é por vezes caracterizado por uma certa impreparação estética, fazendo com o o texto romântico tenda a sugestionar o leitor pela peripécia romanesca, pela intensidade e diversidade das impressões que provoca, caracterizado por:
- um estilo declamatório, por vezes redundante e vago, em que a abundância prejudica a concisão e o rigor,
- um gosto pelas imagens, que o concretizam e popularizam,
- o uso de um vocabulário mais rico em alusões concretas, menos selecto, mais correntio, mais familiar e mais sensorial,
- a introdução de dados captados no ambiente,
- a presença física de personagens humanas, de interiores e de paisagens (em que predomina o realismo descritivo e a tentativa de dar uma cor local),
- o recurso ao romanesco, à peripécia, que pretende estimular a imaginação, bem como a certos ingredientes fáceis e duvidosos, mas que normalmente fornecem resultados garantidos (como, por exemplo, o exotismo, a fantasmagoria),
por outro lado, o classicismo (e o neoclassicismo), mais sóbrio, mais rigoroso, possui diferenças assinaláveis em relação à estética romântica, algumas das quais podemos observar de seguida de forma sintética (ver tabela abaixo):
CLASSICISMO | Versus | ROMANTISMO |
- bucolismo clássico ameno (o belo, o «locus amoenus») | vs. | - o «belo horrível», o disforme,o tenebroso, cemiterial ou fantástico (o «locus horribilis»); |
- ordem e medida (a clareza, a ordenação) | vs. | - o desordenado e desmesurado paisagístico e psíquico; versificação mais variada e popularizante; a libertação estética (o mistério, o sonho, a meditação); |
- a razão, a inteligência | vs. | - o coração, a sensibilidade, a imaginação; |
- contornos nítidos e diurnos | vs. | - o enevoado, nocturno, o sonho irreal; |
- a racionalização e ponderação da estrutura da obra | vs. | - o improviso; versos lançados ao sabor de rimas audíveis; a digressão a propósito ou a despropósito; a interrupção da narrativa para introduzir um comentário ou uma confidência ao leitor; o exagero sentimental ou melodramático; a mistura de géneros; |
- o epíteto classificativo ou abstracto | vs. | - a adjectivação e pormenorização descritiva orientada a dar cor local ou histórica; o pitoresco ou exótico (da Idade Média, ou espanhol, argelino, oriental, de ambientes miseráveis, das lendas e mitologias germânicas, célticas e outras); o maravilhoso ou o fantástico; um estilo em que o sublime e o grotesco se justapõem; |
- o progresso político ou moral com um objectivo final em vista | vs. | - o progresso social indefinido; |
- o recurso à época greco-romana | vs. | - o gosto pelas tradições medievais; |
- a utilização dos deuses pagãos e da retórica clássica | vs. | - o banimento da mitologia e dos processos eruditos da retórica; |
- o paganismo | vs. | - o cristianismo; |
- a imitação aduladora | vs. | - o culto da originalidade pessoal; |
- um mundo fechado de valores (estéticos e morais) | vs. | - um tom de mensagem ao próximo; |
- a vontade, o heroísmo | vs. | - a melancolia, o abatimento. |
Etiquetas: Classicismo, Romantismo
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