segunda-feira, novembro 13, 2006

Um curto abecedário do Barroco e algumas figuras de estilo

Bach
- Músico do período barroco que se distinguiu pela forma particular de interpretar o órgão e pela introdução da voz feminina na Igreja.

Conceptismo
- Complexo jogo de conceitos, ou seja, de ideias apresentadas com grande subtileza, com recurso a metáforas, paralelismos, jogos de palavras, alegorias e antíteses.

Cultismo
- Processo característico da literatura barroca que consiste no uso de construções sintácticas e jogos de palavras, numa exibição de virtuosismo retórico, de forma a impressionar o leitor.

Deleite
- Sinónimo de prazer aquando da leitura (era o que buscavam os poetas barrocos).

Efemeridade da vida humana
- Tema recorrente da poesia barroca.

Fénix Renascida ou Obras dos Melhores Engenhos Portugueses
- Cancioneiro seiscentista, editado em cinco volumes, compilada por Matias Pereira da Silva.

Galhofeira (atitude)
- Posição trocista face a aspectos diversos do quotidiano.

Imagem
- Elementos a partir dos quais é construído o poema e alvo de especial atenção antes do estudo do poema “À fragilidade da vida humana”.

José Merengelo de Osan
- Nome da pessoa que compilou o Postilhão de Apolo.

Morte
- Realidade suavizada pela palavra “repousa” no poema “À morte de F.” (eufemismo).

Nácar
- Camada interna da concha; por vezes, aparece com o significado de «rosa».

Ornamentação
- Sinónimo de excesso de decoração, característica típica do discurso barroco.

Postilhão de Apolo
- Cancioneiro seiscentista, publicado em dois volumes, compilado por José Merengelo de Osan.

Quotidiano (sátira)
- A poesia barroca critica ou zomba de determinados aspectos do dia–a-dia.

Retórica
- Nome pelo qual o uso das figuras de estilo é também conhecido (a arte de usá-las).

Sinonímia
- Palavras que têm um significado semelhante. Ex: baixel/nau e farol/sol (Existente no poema barroco “À fragilidade da vida humana”).

Tempo
- Um dos temas principais da poesia barroca (a passagem do tempo).

Usos e Costumes (crítica)
- A poesia barroca, e sobretudo a narrativa, para além de abordar temas profundos também critica a sociedade do seu tempo.

Visualismo
- Característica do barroco realçada por formas verbais como “Olha”, no soneto “À efemeridade da vida humana”:

XVII
- Século por excelência do período barroco.

ALGUMAS FIGURAS DE ESTILO OU DE RETÓRICA

Alegoria
- É a corporização de uma realidade abstracta, normalmente conseguida a partir de um jogo de comparações, imagens e metáforas. A literatura portuguesa tem recorrido à alegoria em todas as épocas. São disso exemplo as figuras de Roma e do Tempo, no Auto da Feira, de Gil Vicente; a figura do polvo, no Sermão de Santo António aos Peixes, do padre António Vieira;

Anáfora
– Repetição de palavra ou expressão em início de período, frase ou verso.

Ex: “Quantos, correndo (...) quantos, embarcados (...) Quantos, navegando (...)” (Cap.III, Sermão de Santo António aos Peixes) “Louvai a Deus, (...) louvai a Deus (...)” (Cap. VI, Sermão de Santo António aos Peixes)

Antítese
– Figura que põe, lado a lado, palavras ou ideias, antagónicas.

Ex: Céu/ Terra; Bem/ Mal; Céu/ Inferno; Dia/ Noite; Homens/ Peixes.

Apóstrofe
– Interrupção do discurso para interpelar pessoas presentes ou invocar, sob forma exclamativa, pessoas ausentes, mortas, entes fantásticos ou coisas inanimadas.

Ex: “Olhai, peixes lá do mar e da terra (...)” (Cap. IV, Sermão de Santo António aos Peixes) “Vê, voador (...)” (Cap.V, Sermão de Santo António aos Peixes) “Peixes, dai muitas graças a Deus (...)” (Cap. VI, Sermão de Santo António aos Peixes)

Comparação
– Figura por meio da qual se confrontam duas realidades distintas para fazer realçar a sua semelhança.

Ex: “O polvo com aquele seu capelo na cabeça parece um monge, com aqueles seus raios estendidos, parece uma estrela (...)” (Cap. V, Sermão de Santo António aos Peixes).

Enumeração
– Apresentação sucessiva de vários elementos (frequentemente da mesma classe gramatical).

Ex: “(...) na terra pescam as varas (...) pescam as ginetas, pescam as bengalas, pescam os bastões (...)” (Cap. III, Sermão de Santo António aos Peixes).

Exclamação
– Figura pela qual se exprimem sentimentos de admiração, espanto, alegria, susto, indignação, sob forma exclamativa.

Ex: “Oh alma de António, que só tivestes asas e voastes sem sem perigo, porque soubestes voar para baixo e não para cima!” (Cap.V, Sermão de Santo António aos Peixes).

Gradação
– Encadeamento de palavras ou ideias numa ordem progressiva (ascendente) ou regressiva (descendente).

Ex: “(...) da boca ao anzol, do anzol à linha, da linha à cana e da cana ao braço do pescador.” (Cap. III, Sermão de Santo António aos Peixes)
“ Come-o o meirinho, come-o o carcereiro, come-o o escrivão, come-o o solicitador, come-o o advogado (...)” (Cap. IV, Sermão de Santo António aos Peixes).

Hipérbole
- Figura de estilo que consiste na utilização de termos ou expressões que exageram a realidade.

Imagem
- É a representação sensível, animada e colorida da ideia numa palavra, frase ou parte de um texto. A comparação e a metáfora reunidas originam frequentemente imagens vivas e expressivas.

Interrogação
– Pergunta formulada, não para se obter uma resposta, mas para realçar as ideias do discurso.

Ex: “Parece-vos bem isto, peixes?” (Cap. IV, Sermão de Santo António aos Peixes)“Fizera mais Judas?” (Cap.V, Sermão de Santo António aos Peixes).

Metáfora
– Comparação abreviada pela omissão da conjunção comparativa.

Ex: “(...) às águias que são os linces do ar (...) e aos linces, que são as águias da terra (...)” (Cap. III, Sermão de Santo António aos Peixes)

Zeugma
- Omissão de um termo habitualmente referido na frase anterior:
Jasmim na alvura foi, na luz Aurora [foi],
Fonte na graça [foi], rosa no atributo [foi],