sábado, outubro 14, 2006

O que (ainda não) se escreveu aqui

Não sei bem se é por falta de tempo (eu sei que esta gente nova tem sempre muito que fazer, pois claro), por ausência de vontade, por preguiça, por receio de escrever aqui, que não têm surgido textos escritos pelos alunos. Bom, mas está na altura de começarem a aparecer. E de também se inscreverem os que ainda nem têm aqui os nomes.
Como dia o «Estebes», vamos lá cambada. Mãos à obra.

É que, se não forem os alunos a postarem e a comentarem, isto deixa de ter piada e acaba por cair na monotonia.

Contem um episódio que vos tenha acontecido, uma apreciação sobre o que se passa no mundo à vossa volta, as vossas ideias sobre o que quer que seja. Ou um pensamento, um poema, uma ou outra ideia acerca dos livros que estão a ler (espero bem que sim!).

Aqui há uns anos atrás, não sabia bem sobre que escrever, e comecei a fazê-lo sobre coisas que não tinham sentido nenhum, pelo menos à primeira vista. Por exemplo sobre cenouras. E o que me saiu foi isto:

«À primeira vista, as cenouras têm uma coloração alaranjada e uma superfície rugosa. Isto não invalida que estejamos perante um tubérculo que encerra em si alguns dos maiores mistérios da criação universal. Afinal de contas, as pessoas costumam atribuir-lhe benefícios para a saúde, que certamente não serão de desprezar, conferindo-lhes até um poder de atracção que desperta a maior cupidez entre quem não consegue aceder-lhes, daí que se diga acenar com uma cenoura a alguém quando se pretende levar a pessoa a fazer algo que à primeira vista não iria fazer, talvez por ir contra a sua consciência ou contra outra coisa qualquer, que esta coisa de consciência anda um tudo-nada sobrevalorizada. E se, na imagética popular, não é inusual retratar o andamento de um burro, quando este se recusa a fazê-lo, acenando-lhe com uma cenoura presa a um cordel suspenso por cima da sua cabeça, de maneira a que este possa ser forçado a caminhar com a finalidade de alcançar a tão almejada cenoura (e aplicando aqui um silogismo), as pessoas a quem nos referimos acima estarão dentro da categoria dos referidos animais, salvas as devidas proporções e formas anatómicas.

A esta tal de cenoura são atribuídas virtudes medicinais, intimamente ligadas à questão da visão, daí se podendo inferir que as pessoas que têm visão serão grandes proprietários de uma boa quantidade de cenouras.

Mas a grande questão prende-se muito claramente com a origem das cenouras. Não sendo nossa intenção encontrar uma qualquer explicação cabalística para a sua origem, estabelecemos uma série de contactos com especialistas no ramo das cenouras, de que destacamos o senhor António, proprietário de uma horta que fornece o quiosque do jardim, sito à localidade de Bolores, junto ao jardim principal (e único, diga-se de passagem) daquela povoação.

Muito embora tenhamos tido o elementar cuidado de verificar se na verdade o nome da localidade influenciava de alguma maneira as condições de armazenamento dos referidos tubérculos, não nos foi possível obter, até ao momento, nenhuma garantia da autoridade política máxima da localidade que nos pudesse tranquilizar acerca das condições sanitárias em tal bolorenta localidade; no entanto, garantiu-nos o especialista acima citado que as cenouras provêm da região saloia que abastece uma boa parte da capital do país e que o seu destino não se encontra em segredo de justiça, sendo tão-só e apenas os mercados da zona da capital. Ficar-lhe-emos eternamente gratos pelos esclarecimentos prestados.»

Doutra vez, saiu-me algo sobre o que acontece depois de chover, ideia que não cheguei a desenvolver. Ficou resumida ao que abaixo se pode ler:

«Ainda não ficou cientificamente estabelecido que depois de chover não venha a chover novamente. Em todo o caso, é do conhecimento geral que, depois de chover, fica tudo molhado. Pelo menos, tudo o que estiver à chuva.
Aqui fica o ditado popular: quem está à chuva molha-se.»
Enfim, ideias...